Crime do qual mototaxista é apontado como autor aconteceu em data em que ele estaria em Minas Gerais
O mototaxista que se viu envolvido no caso de estelionato que acabou com a morte de Leda Corrêa Rodrigues de Melo na última segunda-feira (24), após o capotamento de uma viatura da Polícia Militar na Estrada Vicinal Faustino Daniel da Silva, falou com exclusividade a nossa equipe de jornalismo sobre o que ocorreu no dia.
Gilson Rodrigues Torres contou que no dia dos fatos um indivíduo ligou no estabelecimento onde trabalha pedindo uma corrida e que após alguns de seus colegas recusarem ele acabou aceitando e assim acabou se envolvendo em toda essa ocorrência. “Na madrugada do dia 24 a gente recebeu uma ligação no disk moto por volta das 02h30 da manhã de um rapaz que se identificou como filho de uma mulher de nome dona Maria, pedindo para fazer uma corrida no Bairro da Caputera, como houve recusas de outro motoqueiro eu acabei indo até o bairro e chegando lá a senhora já aguardava em sua residência e assim voltamos para Itapeva para o endereço da Rua Cel Livino Ribeiro”, contou.
No momento em que chegaram ao local, Gilson conta que já foram abordados por policiais militares que me explicaram do caso do suposto sequestro da filha. “A partir deste momento os policiais já assumiram o caso e eu fui convidado também a embarcar na viatura e seguir com a senhora até a sua residência, no Bairro da Caputera, e no meio do caminho houve o acidente”, disse Gilson.
Ao sair do hospital, com uma lesão no braço esquerdo, o mototaxista foi encaminhado para prestar depoimento na Polícia Civil e na Polícia Militar.
No primeiro momento Gilson era apontado como testemunha do caso, porém acabou sendo apontado como suposto participante do golpe do falso sequestro e tido como estelionatário pela Polícia que pediu a prisão preventiva do mototaxista, após o aparecimento de outra vítima de estelionato que teria reconhecido Gilson como o motoqueiro que teria pego dinheiro da mesma em data anterior.
Diante da situação, Gilson contratou o advogado Adilson Soares que esteve presente com ele na audiência de custódia e conseguiu junto a Justiça a liberação do cliente.
Dr. Adilson conta que há diversas inconsistência no caso e que atribuem a seu cliente um crime do qual o mesmo nem morava em Itapeva na época dos fatos. “Diante da ocorrência de segunda-feira, um dos policiais na delegacia recordou-se que em 2018 ele tinha atendido uma ocorrência de estelionato e que neste caso a vítima era uma senhora chamada Olga, e que verificando os fatos ele constatou que o Gilson seria o mototaxista que teria pego o dinheiro dessa dona Olga no período de 2018 e que o valor seria de R$ 1.400, inclusive há um boletim de ocorrência lavrado nessa época pela dona Olga”, explica o advogado sobre como seu cliente acabou sendo apontado como estelionatário.
O advogado conta ainda o que sucedeu após esse fato e considera que o que houve como sendo um ato irregular por parte das autoridades. “Esse policial teria feito uma fotografia do Gilson dentro da delegacia e teria encaminhado essa fotografia para outras pessoas, e essa fotografia teria chego nas mãos de um parente da dona Olga, e esse parente diz em depoimento que quem enviou essa foto foi um amigo dele, salvo engano seria um tenente da Polícia respeitado na cidade, e ao encaminhar a foto para a tia dele que de pronto reconheceu que o moto táxi que foi lá na casa dela em 2018 buscar o dinheiro do crime de estelionato seria sem sombra de dúvidas o Gilson, diante de todo esse contexto, acredito eu que a autoridade policial presente no dia do plantão viu por bem chamar a dona Olga para prestar esclarecimentos porque até o momento para ele segundo o que teria dito o policial militar que o Gilson seria o autor daquele crime, inclusive enviando a foto dele que ao meu ver isso é uma forma ilícita de reconhecimento porque existe dentro da área processual penal a forma correta de se reconhecer a pessoa, ou seja, pessoalmente ou fotografia contendo mais pessoas com características semelhantes a do suspeito”, fala Dr. Adilson que complementa. “Jamais penso eu que você pode indicar para a vítima a foto de uma única pessoa para que ela diga se é ou não essa pessoa, eles teriam que por cautela e até mesmo por respeito ao direito dele constitucional apresentar várias outras pessoas com características idênticas para que ela viesse apontar dentre aquelas qual seria a pessoa”.
Na delegacia a vítima, dona Olga teria dito que reconheceu o motoqueiro da foto enviada como sendo o que foi buscar o dinheiro com ela no dia 07 de abril de 2018 e que a moto era avermelhada e o motoqueiro da foto engordou um pouco.
Dr. Adilson conta que diante desta situação já está em posse de diversos documentos constando que desde outubro de 2015 até maio de 2019, seu cliente não morava em Itapeva. “Temos provas e documentos de que na data do dia 07 de abril de 2018 que a dona Olga diz que foi quando o motoqueiro foi em sua casa, o Gilson estava trabalhando em Estrema/MG, ou seja, nem aqui em Itapeva ele estava, então temos uma situação tão complexa que acabaram denegrindo a imagem dele, intitulando como autor de um crime do qual ele não praticou, e temos algumas informações ainda e por isso vamos pedir cópia do RDO – Registro Digital de Ocorrência de 2018 onde há uma discrição da dona Olga de que quem teria ido a casa dela era um motoqueiro de aparentemente 1,80m e que teria erguida a viseira apenas um pouco, então como podemos dizer que essa pessoa seria o Gilson, ele mede 1,69 e as características dadas não batem com as do Gilson, então vemos que infelizmente neste caso há uma certa intensão e podemos dizer até mesmo um crime de imputar a ele uma prática delitiva da qual ele não praticou, fato esse que gera dano a imagem e moral dele diante da sociedade, aos amigos e vamos provar a inocência dele, pois como os fatos estão bem distorcidos e já foram vinculados na mídia isso queira ou não tem afetado a vida familiar dele, sua convivência social, muitos olham para ele como sendo criminoso, estelionatário, mas enfim tudo o que é de direito dele nós vamos buscar junto ao judiciário”, explica.
O advogado disse ainda que conhece e respeita o trabalho dos policiais de Itapeva, porém acredita que faltou um pouco mais de cuidado para apurar os fatos e que para querer mostrar para a sociedade que o caso havia sido desvendado acabaram se precipitando, mas acredita que haverá mais investigações sobre o caso.