Para quem gosta de acompanhar futebol e até para quem não acompanha muito esse esporte maravilhoso, é perceptível como nos últimos anos o advento das “casas” virtuais de apostas estão presentes nessa e em outras modalidades esportivas.
Desde janeiro de 2025, o mercado regulado de apostas de jogos de azar tomou conta totalmente dos esportes, principalmente do futebol (que é a modalidade que gera mais movimentação financeira). Com isso, vieram manipulação de resultados com atitudes de alguns jogadores, árbitros, dirigentes, comissões técnicas, et cetera. Ao meu ver é inadmissível que um esporte, seja ele qual for, perca seu espírito essencial, que é de competição sadia e limpa, para que pessoas faturem “dim dim” com resultados ou ocorrências pré-combinadas.

No mundo das apostas virtuais, dá para “jogar” em tudo: quantos cartões amarelos ou vermelhos vão ser mostrados num jogo ou para um jogador específico; quantos escanteios ou faltas um time fará ou receberá; número de gols, número de laterais; minuto de um gol. Ou seja, é muito fácil manipular uma aposta: basta um jogador pedir para outra pessoa apostar um determinado valor num lance específico (por exemplo, um cartão amarelo; e no jogo, o próprio jogador forçar o recebimento deste cartão amarelo). É lucro garantido. Para nossa tristeza, isso já está acontecendo.
Mais constrangedor ainda é que os próprios campeonatos são patrocinados por casas de apostas. E a grande maioria dos times, se não todos, também são patrocinados por estas organizações. Ou seja, o esporte não é mais confiável. Como podemos acreditar na lisura de uma competição se todas as partes estão envolvidas de alguma maneira com essas instituições? A todo momento vemos na televisão alguns jogadores que ainda atuam em campo fazendo propaganda para essas empresas. É como um não fumante fazer propaganda de cigarro. É totalmente incoerente e inaceitável.
Por outro lado, só no mês de setembro de 2025, a Receita Federal arrecadou cerca de R$ 1,2 bilhões com tributação sobre esses e outros jogos de azar. Ou seja, parece que é um negócio do tipo “ganha-ganha-às vezes ganha”. Governo ganha, casas de apostas ganham e às vezes o apostador ganha. Porém, isso vai além de arrecadação. As apostas trazem desgraças para famílias inteiras, trazem desunião, trazem brigas e até morte. Porque se tornam vícios para quem tem ambição de ter dinheiro fácil, sem trabalhar.
Imagine só, caro (a) leitor (a), uma determinada situação: num jogo qualquer as apostas são mais ou menos assim (mudando as probabilidades, de acordo com o jogo): 1,65 para vitória do Time A, 2,5 para empate e 7,65 para vitória do Time B. Ou seja, o Time A é favorito. Então, se o apostador fizer uma aposta de R$ 50,00 para vitória do Time A, se ela ocorrer o apostador ganha R$ 82,50 (sem descontar a tributação ainda). Para empate, R$ 125,00. Para vitória do Time B, R$ 382,50. Isto é, dinheiro muito fácil. Mas junto disso, vem a seguinte situação: o apostador poderia estar usando esses R$ 50,00 para pagar uma conta de água, para comprar a mistura da janta da família, para comprar um presente de aniversário para o (a) filho (a). E quando essa pessoa que aposta já está viciada, ela não pensa nas suas responsabilidades e em quem ama, ela quer é ganhar dinheiro fácil. E a casa de apostas e o governo também ganha com as arrecadações de cada um. Garanto que para essas entidades, a felicidade da família do apostador não está em questão e não tem importância alguma.
Reflita sobre isso: será que estamos aceitando/permitindo que o futuro de nossos (as) filhos (as) seja conduzido por ambição financeira sem trabalho e com dinheiro fácil no bolso? Porque sinceramente, essas organizações que atuam nesse ramo e o governo estão satisfeitos com a situação.
Até a próxima! Paz e bem a todos (as)!








