No sudoeste do Oceano Atlântico encontra-se a República da Serra Leoa. Este país do Ocidente do continente africano tem uma população de quase 7 milhões de habitantes e foi um conhecido centro de comércio de escravos (é terrível tocar nesse assunto), no final do século XVIII.
Quase findando o século XIX, Serra Leoa tornou-se parte do Império Britânico, do qual se desligou em abril de 1.961 e tem, até o que se conhece, 16 grupos étnicos, com suas culturas e dialetos. O nome deste país tem origem no fato de que certa vez alguns exploradores ouviram um trovão muito alto vindo das montanhas e o compararam a um rugido muito forte de leão.
Ocorre que o país, que já passou por guerras civis, epidemias de ebola, conflitos entre as etnias, vem passando por uma onda de atos de magia, chamadas de “juju”. Consistem em capturar pessoas, na maior parte crianças, e tirar suas vidas, removendo membros e órgãos de seus corpos para a realização dos rituais, que prometem prosperidade e poder e que são solicitados por pessoas que têm grande poder financeiro, incluindo políticos da África Ocidental, que acreditam nessa maldita atividade. O maior problema é que a crença em rituais de magia e bruxaria estão enraizados na cultura do país e assim sendo, o governo de Serra Leoa, tal como a polícia, fazem “vista grossa” para esses acontecimentos. Segundo relatos, quando é época de eleição naquela região, o número de frequência desses rituais macabros cresce. Matam pessoas, desmembram, penduram e deixam à exposição para o sangue escorrer e para os clientes escolherem. Conforme o membro, o ritual é feito. Preços passam de mais de R$ 15 mil, se convertidos na moeda brasileira.

Caro leitor (a), você deve estar se perguntando o motivo de eu abordar esse assunto. A resposta é simples: trata-se de insanidade mental que virou cultura, que é negligenciada por governantes de uma nação e que gera mortes de milhares de pessoas, que na maioria das vezes são registradas como desaparecidas. É muito, muito grave. É a mente humana sendo usada para fazer o mal, de forma consciente, porém insana.
Ao mesmo tempo, venho aqui abordar outro tema importante para depois relacionar os dois assuntos: o caso do jovem Gerson, que foi morto, dias atrás, por uma leoa no Parque Zoobotânico Arruda Câmara, em João Pessoa, na Paraíba (PB), ao invadir o recinto em que o animal se encontrava. A Polícia Civil do Estado está investigando o caso como suicídio. Mas o relato de uma conselheira tutelar que conhecia o jovem muda tudo: ela alega que Gerson tinha deficiência intelectual, transtorno de conduta e esquizofrenia (diagnósticos de 2.023). Porém, ela já o conhecia há 9 anos, quando ele foi levado ao Conselho Tutelar onde ela trabalhava, por fugir de um abrigo e caminhar a beira de uma estrada. Gerson estava nesse abrigo porque foi afastado da mãe já na infância, visto que ela também era esquizofrênica. Quando o jovem desceu ou caiu (não fica muito claro no triste vídeo amplamente divulgado) no recinto da leoa, o animal é claro, sentiu-se enfrentado, porque como todos sabem, felinos são territoriais e as leoas têm um instinto para caça. Depois do ocorrido, o animal apresentou sinais de estresse e ansiedade.
Diante dos fatos apresentados sobre Gerson e a leoa, fica a pergunta: de quem é a culpa? Do animal ou do jovem? É óbvio que é de nenhum dos dois. A culpa é do Brasil, como Federação, que não dá a devida atenção para as pessoas que possuem algum déficit mental ou problema psicológico. A culpa é nossa também, como sociedade brasileira, que por vezes tratamos pessoas assim com desdém ou com medo. Já faziam praticamente 10 anos que Gerson demonstrava sinais que precisava de ajuda (além do histórico familiar), quando fugiu do abrigo.
Concluindo, em Serra Leoa, a mente está sendo usada para o mal, com o intuito de ganhar dinheiro, tirando vidas humanas; enquanto aqui no Brasil, investiga-se como suicídio uma morte muito triste que na verdade é resultado da medíocre e ineficaz política que sucessivos governos implantam para cuidar da saúde mental da população. E Leona, a leoa que tirou a vida do rapaz e possui muitos parentes lá na África, não tem culpa nenhuma. Nem de ter seu nome ligado a um país que acredita em rituais macabros e tão pouco por ter tirado a vida de um jovem que precisava de ajuda com sua saúde mental, ajuda a qual nossa pátria mãe negligenciou.
Até a próxima! Paz e bem a todos (as)!








